Sobrevivência dos negócios é comprometida por limitações ao comércio e serviços
A sobrevivência das empresas em período de pandemia foi um tema delicado abordado no estudo realizado pela Câmara Técnica Permanente de Comércio e Serviços, do Conselho de Desenvolvimento Econômico de Ponta Grossa (CDEPG), em parceria com o Núcleo de Economia Regional e Políticas Públicas (Nerepp), do Departamento de Economia da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Mais de 50% das empresas que responderam o questionário disseram não conseguir manter suas atividades se as medidas de distanciamento social forem mantidas por mais de 30 dias.
A pesquisa foi realizada entre os dias 14 e 21 de abril e contou com 468 questionários respondidos por empresários. Os dados demonstram que 21,5% dos estabelecimentos não conseguem manter sua atividade se medidas de isolamento forem mantidas ou se retornarem. Na opção “Por mais um mês”, 30% acreditam que conseguem manter suas atividades e 27,3% responderam suportar até três meses. Na média, o tempo que as atividades econômicas suportariam às medidas de isolamento seria de apenas 2,2 meses.
A professora Augusta Pelinski Raiher, pesquisadora do Nerepp elucida que os setores de Eventos, Transportes de Cargas, Academias e Gastronomia/Bares/Restaurantes estão no limite e precisam de uma atenção especial, seja para revigora-las como também para que se tenham medidas mais assertivas se novas medidas forem implementadas. No caso daqueles que tiveram 100% de queda do seu faturamento, 46% afirmaram que não sobreviverão no mercado se tiver novas medidas de isolamento. “No relatório está claro que este 2,2 meses é na média, tem empresas que conseguem bem mais e tem outras que não conseguem mais nada. Temos que nos preocupar com aqueles que não tem mais se tiverem novas medidas restritivas. Os empresários ainda têm um folego, mas é uma parte apenas”, explica.
Devido aos impactos das medidas restritivas, foi indagado aos participantes sobre percepção dos empresários. De acordo com o estudo, no que se refere as decisões e decretos governamentais 21,2% viram como “Nem boa, nem ruim”, 30,3% “Bom na medida certa”, 45,2% entenderam como “Ruim e exagerada” e apenas 3,3% definiram as medidas como “Excelente”.
Até o dia 21 de abril, foi registrado que 16% dos estabelecimentos não tinham retomado nada o faturamento, ou seja, estavam com a mesma dinâmica que quando estavam durante as medidas restritivas e 3,5% geraram prejuízos. Já 41% dos estabelecimentos retomaram entre 5 a 40% do faturamento normal, 3% retomaram entre 60 e 80% e 1,5% dos estabelecimentos não só conseguiram retomar 100%.
O coordenador da Câmara Técnica Permanente de Comércio e Serviços do CDEPG, Felipe Podolan aponta que agora existe um dado que demonstra a necessidade da reabertura do comércio, com responsabilidade quanto a doença, mas fundamental para amenizar os impactos na economia. “A pesquisa apresentou que 51% dos respondentes não conseguem sobreviver até um mês se mantidas as medidas restritivas, ou seja, sairiam do mercado. Isso acarretaria reflexos de empregabilidade e por consequência prejuízos na economia local, os efeitos seriam catastróficos”, disse Podolan, salientando a enorme necessidade de reabrir o comercio e permitir que os prestadores exerçam suas funções.
O Relatório da pesquisa sobre os impactos da Covid-19 na economia em Ponta Grossa está disponível no endereço: