Pandemia altera comportamento dos empreendimentos

Novos modelos de negócio auxiliam empresas a driblarem a crise

Crédito foto: José Aldinan / Diário dos Campos

Devido à crise e uma queda expressiva na receita, alguns empresários fizeram mudanças no seu atendimento, na maneira de vender e nas rotinas do trabalho com o objetivo de passar por esse período de crise com o mínimo possível de prejuízos. Para entender este cenário e obter indicadores importantes para a retomada pós-pandemia, um estudo da Câmara Técnica Permanente de Comércio e Serviços, do Conselho de Desenvolvimento Econômico de Ponta Grossa (CDEPG), em parceria com o Núcleo de Economia Regional e Políticas Públicas (Nerepp), do Departamento de Economia da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) questionou se e como as empresas reinventaram os próprios negócios para amenizar os efeitos do distanciamento social causado pela Covid-19. 

A pesquisa perguntou se a empresa participante implementou um plano de atendimento diferenciado ou um novo formato de produto/serviço durante a pandemia. Dos respondentes, 39,5% disseram que sim e boa parte se utilizou do atendimento online, por meio da implantação de home office, atendimento remoto, utilizando e fortalecendo as estratégias com os dispositivos como: telefone, vídeo chamadas, WhatsApp, e-mail, site, e-commerce e outras mídias sociais, como Facebook e o Instagram. Outra estratégia apontada foi a potencialização ou implantação do delivery de forma particular com marketing próprio, ou com o apoio de aplicativos com o iFood ou Marketing Place, por exemplo.

De acordo com a professora Augusta Pelinski Raiher, pesquisadora do Nerepp, foi verificado que aqueles que tiveram retorno, fizeram estratégias e ações mais personalizadas, como atualização de cadastro de clientes, enviando promoções virtuais direcionadas em mídias sociais e usando o WhatsApp.  Ela avalia que desta forma ocorre uma aproximação maior com o cliente, tornando a empresa mais ativa, melhorando a comunicação com seus clientes e novos clientes captados, por meio desses canais online. “Demonstrar o cuidado que a empresa tem com o cliente, faz com que eles sintam se mais seguros para consumir o produto ou serviço, principalmente nesse período de pandemia”, comenta.

No entanto, outros seguiram somente as regras estabelecidas de combate a pandemia, comunicando que estão atendendo, mas de forma mais segura, com toda a higienização e obedecendo as normas com álcool gel, passados a todo momento, atendimento diferenciados, horários marcados para evitar aglomerações e utilização de máscaras. “Nestes casos, as mudanças foram de equipe, revezamentos, escalas e formas de redução de custos, férias a parte dos colaboradores, entre outros”, relata Augusta.

A pesquisa registrou também que houve a criações de novos produtos, entendendo a pandemia também como uma oportunidade. “Identificou-se que aqueles que conseguiram fazer ações diferenciadas, na média, tiveram uma queda menor ou uma elevação maior do seu faturamento, sendo estatisticamente significante a diferença entre o grupo que fez as medidas diferenciadas no seu negócio e o grupo que não as efetuou. Cerca de 75% percebeu um impacto, seja minimizando o prejuízo ou até mesmo elevando o seu faturamento”, aponta a professora.

Entre as estratégias apontadas, no geral, apenas 31% das empresas tem já uma estratégia pós-pandemia para a retomada do negócio. Deste percentual, 38% disseram que irão tomar medidas no sentido de fazer atendimento digital; 36% vão investir em planejamento e 26% responderam que vão tomar medidas no sentido de se adaptar de acordo coma realidade. “Muitos tem aproveitado o momento para planejamento, readequação e novas estratégias. Planejar formas de aumentar o mercado, novos clientes, oferta e diversificação de novos produtos e serviços, reposicionamento da empresa, desenvolvimento de novos projetos e projeções de investimentos, devido a mudança de mercado”, comenta Augusta.

Buscou-se mensurar ainda, a esperança dos empresários perante as medidas de contenção da epidemia e o tempo que acreditam levar para se recuperar após o retorno da normalidade. Observou-se que 14% acredita que levará entre 1 a 3 meses para a recuperação, 27% de 4 a 6 meses, 29% mais de 6 meses, 24% mais de um ano, 4% respondeu que o atual cenário não impactou no seu negócio e 2% apenas afirmou que não retomará.

Nádia Terumi Joboji, consultora do Sebrae e membro da Câmara Técnica do CDEPG aponta que verificou-se, por meio da pesquisa, que quem implantou alguma inovação em sua empresa está conseguindo se manter no mercado e potencializar seus negócios. “Foi uma das alternativas de sobrevivência que eles encontraram nesse período para definir novos produtos e serviços e se reinventarem, aproveitando para planejar ou readequar novas estratégias”, disse. 

Segundo Nádia, isso comprova que o momento pode ser oportuno para analisar o que pode potencializar os negócios, o que está funcionando, verificar boas práticas de outras empresas e inovar, conquistando mais mercado. “Dependendo do setor é um grande desafio, porém sempre é possível achar soluções para os problemas. Além de estar sempre se atualizando, é importante acompanhar também as tendências dos países que já estão retomando suas atividades, visando minimizar os riscos para os negócios de forma mais tranquila e assertiva. Desta forma, a inovação pode tornar as empresas diferenciadas e mais competitivas, além de garantir maior satisfação de seus clientes, fornecedores e colaboradores”, finaliza a consultora do Sebrae.

Sobre o Relatório

O CDEPG em parceria com a UEPG realizou a pesquisa entre os dias 14 e 21 de abril, que contou com a participação de 468 empresários, que responderam um questionário on-line. O objetivo foi de mensurar o impacto das medidas restritivas referente a Covid-19 na atividade econômica do município de Ponta Grossa. Para isso, basicamente duas variáveis foram analisadas: Faturamento e Emprego.

A área do comércio varejista foi a que mais respondeu a pesquisa, correspondendo a 24%, seguida da Gastronomia/Bares/Restaurantes (12%) e da Construção Civil e da Manutenção (cada uma com 10% de participação).

Uma nova etapa da pesquisa já é estudada pela Câmara Técnica Permanente de Comércio e Serviços, do CDEPG e pelo Núcleo de Economia Regional e Políticas Públicas (Nerepp), do Departamento de Economia da UEPG. 

O Relatório da pesquisa sobre os impactos da Covid-19 na economia em Ponta Grossa está disponível no endereço:

https://cdepg.org.br/wp-content/uploads/2020/04/RELATORIO-%E2%80%93-IMPACTOS-DA-COVID-19-NA-ESTRUTURA-ECONOMICA-DE-PONTA-GROSSA-27042020.pdf